Onde está a nossa segurança?

 

Onde está a nossa segurança?


Texto básico
Salmo 27

Textos de apoio
– Isaías 49.14-15; 63.15-16
– Lamentações 3.21-26
– Salmos 103.13
– Salmos 62 5-8
– Romanos 8.28-39
– 1 Pedro 1.3-6

Introdução

“Onde está o teu Deus?”, eis a pergunta que ressoa “o dia inteiro” aos ouvidos dos salmistas, filhos de Coré (Salmo 42. 3, 10). Embora, talvez, esta pergunta não venha ao nosso encontro audivelmente, pronunciada pelos “inimigos”, ela pode ser “soprada” em nossos ouvidos pelas contingências e lutas da vida, desafiando a nossa fé (confiança) e chacoalhando as estruturas da nossa segurança em Deus.

Esse questionamento, em forma de pensamento, pode surgir em qualquer fase de nossas vidas, e precisa ser não reprimido, mas enfrentado e vencido. Há um dito dos chamados “Pais do Deserto” (monges cristãos primitivos que viveram nos desertos do Egito, da Palestina e da Síria, entre os séculos IV e VI), que fala sobre isso: “Um irmão veio ao Patriarca Poimen e disse: ‘Pai, tenho diversos pensamentos e, por meio deles, incorro em perigo’. O patriarca levou-o para fora e disse-lhe: ‘Espalhe seu manto e segure o vento!’ Ele respondeu: ‘Não me é possível’. Então disse-lhe o velho: ‘Se você não é capaz disto, então não é também capaz de impedir que seus pensamentos o acometam. No entanto, é sua tarefa resistir a eles’”*.

E um dos exercícios recomendados por esses “Pais”, para a luta contra os “pensamentos e insinuações interiores que pretendem desviar do caminho verdadeiro”, era a memorização e recitação de textos das Escrituras Sagradas que avivassem na mente e no coração a certeza sobre a Pessoa e a obra de Deus. Como fazem os filhos de Coré, ao conversarem com a própria alma: “Por que você está assim tão triste, ó minha alma? Por que está assim tão perturbada dentro de mim? Ponha a sua esperança em Deus! Pois ainda o louvarei; ele é o meu Salvador e o meu Deus” (Salmo 42. 5, 11; 43. 5).

No presente estudo, tentaremos aprender com Davi sobre esta “arte” de exercitar nossa confiança em Deus, nutrindo nossa esperança com a certeza de que o cuidado do Senhor estará sempre próximo, apesar dos nossos medos e incertezas.

*citado por Anselm Grun, em Pureza de Coração: caminhos para a busca de Deus no antigo monaquismo, Editora Vozes, 2016, p. 51.

 

Para entender o que a Bíblia fala

(adaptado de Quiet Time Bible Guide, editado por Cindy Bunch, IVP, 2005)

1. Onde estava a segurança de Davi, e por que ele podia se sentir seguro, sem temor, diante dos “homens maus”, de um “exército” e mesmo da “guerra” (vv. 1-3)? Pensando no nosso contexto atual, que palavras poderiam substituir adequadamente estas “imagens bélicas” usadas por Davi?

2. Que expressões (figuras de linguagem) Davi utilizou nos versos 1 e 5 para realçar a segurança que ele esperava encontrar no Senhor?

3. O verso 4 nos mostra que Davi busca não apenas a proteção do Senhor, mas também o próprio Senhor. Como o intenso desejo de Davi por Deus é revelado neste salmo (vv. 4, 8, 11)?

4. As declarações confiantes de Davi sobre o Senhor na primeira metade do salmo (vv. 1-6) conduzem a uma oração suplicante na metade final (vv. 7-12). Qual é a essência de sua oração?

5. Davi reconhece sua condição como pecador (v. 9). Ao mesmo tempo, quão profunda é a misericórdia de Deus, segundo a esperança de Davi (v. 10)?

6. Davi parece estar enfrentando alguns perigos reais em sua vida. Você consegue identificar alguns destes perigos?

7. Por que a nossa esperança não deve ser apenas confiante, mas também paciente (v. 14)?

 

Para pensar

“[O profeta] Habacuque sabe que somente Deus poderia mudar o curso da história, então ele clama, mas Deus parece não ouvir sua oração. É desalentador. Sentimo-nos assim com frequência. Oramos pela conversão de pessoas que amamos, e parece que elas vão afastando-se cada vez mais de Deus. Oramos por um avivamento, e temos a sensação de que o povo de Deus tem se tornado mais secularizado. Oramos para que a criação seja preservada, mas o que vemos é o crescimento da devastação do meio ambiente, a poluição das águas e do ar e o desmatamento de nossas florestas. Oramos pela nação, e o que vemos é o avanço da corrupção e da impunidade. (…) As coisas nem sempre são aquilo que parecem ser. Parece que Deus não ouve, mas ouve. Parece que ele não responde, mas responde. O problema de Habacuque – e o nosso – é que aquilo que esperamos nem sempre é o que Deus tem em mente. É possível que em suas orações ele clamasse por um despertamento espiritual, para que o povo ouvisse seus profetas e se arrependesse dos seus pecados. Mas nem sempre é isso o que acontece”.

(Ricardo Barbosa, em Ainda que…)

 

“A verdadeira oração nunca é uma atitude presunçosa para com Deus, mas uma resposta à sua graciosa iniciativa. É essa segurança que leva Davi a acrescentar: ‘Não escondas de mim a tua face’ (v. 9). Embora pareça reconhecer que seus pecados mereciam apenas o desagrado de Deus, Davi tinha certeza de que o Senhor, que foi seu ‘ajudador’ no passado, não iria rejeitá-lo agora (v. 10).”

(John Stott, em Salmos Favoritos, Ultimato, 2020, p. 44)

 

“Quando vivemos com esperança, nós não nos deixamos envolver por preocupações pertinentes ao modo como nossos desejos serão realizados. Assim, também, nossas orações não estão direcionadas para a dádiva, mas para Aquele que a concede. É possível que nossas orações ainda carreguem muitos desejos. Contudo, basicamente, a questão não é esperar que um desejo seja realizado, mas expressar uma fé ilimitada no Doador de todas as coisas boas.”

(Henri Nouwen, em Meditações com Henri J. M. Nouwen, Danprewan, 2003)

 

“E agora, José?”

1 . No enfrentamento das lutas e incertezas da vida, o medo é um sentimento natural para o ser humano. Não podemos impedir sua “chegada” ao nosso coração; mas somos responsáveis pelo que fazemos com ele! Como a convicção de que o Senhor é um “forte refúgio” (v. 1) pode fortalecer sua esperança diante do medo e ansiedade do dia a dia? Que imagens surgem em seu coração ao pensar na ideia de “refúgio”?

2. Davi termina o salmo da mesma forma como começou: “cantando” sua confiança na ajuda do Senhor (vv. 13-14)! Ele ainda enfatiza a necessidade de “esperarmos no Senhor”, o que aponta para o exercício da paciência (do latim patientia, da raiz pati: “sofrer”, “aguentar”). O que pode ajudar você neste exercício de “paciência”, de “espera confiante”? Pense em atitudes/ações no nível pessoal e também comunitário.

 

Eu e Deus

“Bendirei o Senhor Deus em todo o tempo,
seu louvor estará sempre em minha boca.

Provai e vede quão suave é o Senhor!
Feliz o homem que tem nele o seu refúgio!

Clamam os justos, e o Senhor bondoso escuta
e de todas as angústias os liberta.

Do coração atribulado ele está perto
e conforta os de espírito abatido.

Muitos males se abatem sobre os justos,
mas o Senhor de todos eles os liberta.”

Comentários

Postagens mais visitadas