Árvore da Vida no Jardim do Éden só pode ser Jesus!

 

A originalidade do pecado original

 

Por que razão Deus puniu o chamado "pecado original" de Eva e Adão, no Jardim do Éden, com o parto doloroso? Por que razão Caim não consta das genealogias bíblicas como sendo filho de Adão? Por que a Sagrada Escritura ensina enfaticamente que não se pode tirar ou aumentar nada da Palavra de Deus, sob pena de maldição? A única resposta bíblica satisfatória é esta: por causa da originalidade do "pecado original".

Em que consiste essa originalidade satânica do "pecado original"? Consiste em que o diabo realizou pela primeira vez na história da raça humana, antes de Deus fazê-lo "na plenitude dos tempos" (aliás, como estava planejado desde a eternidade e com o necessário consentimento do próprio Deus), a façanha de gerar um filho em Eva antes de Adão a conhecer sexualmente, com uma diferença essencial: o diabo precisou do contacto sexual, através de um animal, ao passo que Deus gerou o Senhor Jesus Cristo em Maria sem contacto sexual masculino. Em outras palavras: a originalidade do "pecado original" foi a invenção do adultério pela alteração do sentido da Palavra de Deus.

É por isso também que todas as legislações de todas as sociedades humanas, em todos os tempos, de uma forma ou de outra punem o adultério, porque o assim chamado pecado original reside na memória inconsciente de todos os povos como sendo algo errado que não devia ter sido feito e que não pode ser repetido. Em que constituiu, afinal, o pecado de Eva, depois também imputado a Adão? A resposta bíblica correta a esta pergunta é essencial para se conhecer, em toda a sua extensão, a chamada "tragédia do Jardim do Éden". Vamos procurar diligentemente essa resposta nas Escrituras Sagradas.

Em Apocalipse 2:7 lemos esta bendita promessa de recompensa: "Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. Ao vencedor dar-lhe-ei que se alimente da Árvore da Vida que se encontra no paraíso de Deus". Esta será a recompensa futura para todos os que, em todos os tempos, vencerem ao diabo. Quando terminar a última batalha e os vencedores tiverem deposto, finalmente, suas armaduras, então eles descansarão para sempre no Paraíso de Deus e sua recompensa eterna será a Árvore da Vida, para toda a eternidade dos tempos sem fim!

A expressão "Árvore da Vida" parece apenas uma bela figura de estilo, mas na realidade não o é. Ela é mencionada três vezes no livro do Gênesis e três vezes no livro do Apocalipse, e nessas seis vezes refere-se exatamente à mesma realidade. Que realidade é essa?

Antes de mais nada, é necessário saber o que as árvores representam na Bíblia. Em Números 24:6, Balaão, ao descrever o povo de Israel, disse que ele é "como vales que se estendem, como jardins à beira de rios, como árvore de sândalo que o Senhor plantou, com cedros junto às águas". "Árvores", ao longo das Escrituras, são referências a pessoas, como está no Salmo 1. Sendo assim, a "Árvore da Vida" deve ser a Pessoa que dá vida, e essa pessoa é Jesus!

Sabemos que havia no Éden duas árvores plantadas: uma era a Árvore da Vida e a outra era a Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal. O homem tinha que viver em função da Árvore da Vida, e estava proibido de sequer tocar na outra Árvore, sob pena de morte (Gênesis 2:17). O homem, entretanto, desobedecendo à Palavra de Deus, resolveu participar da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal e, quando o fez, a morte entrou nele pelo pecado e o separou de Deus.

Essa Árvore que havia no Jardim do Éden e que era a fonte da vida era, certamente, Jesus. No Evangelho de João, nos capítulos 6, 7 e 8, Jesus se apresenta como a fonte da vida eterna. Ele se chama a Si mesmo "o pão que desceu do céu" e "o pão da vida" (João 6:32-35). Ele falou em dar-se a Si mesmo, e que aquele que dele comesse jamais morreria. Declarou que conhecia Abraão e que "antes que Abraão existisse, Eu sou" (João 8:58). Profetizou que Ele mesmo daria da água da vida, da qual aquele que bebesse jamais teria sede, mas viveria eternamente. Jesus se apresentou como o grande Eu Sou. Ele é o Pão da Vida, a Fonte da Vida e é eternamente a Árvore da Vida! A mesma que estava no Jardim do Éden e que estará no Paraíso de Deus.

Muitas pessoas, por não conhecerem a exatidão dos termos da Palavra de Deus, alimentam indefinidamente a errônea ideia de que as duas Árvores do Jardim do Éden eram simplesmente duas árvores a mais, além das outras que Deus havia plantado. Aqueles que estudam cuidadosamente as Escrituras descobrem, entretanto, que não é bem assim. Quando João Batista proclamou que "o machado está posto à raiz das árvores" (Mateus 3:10 e Lucas 3:9), ele não se referia, por certo, às árvores no sentido vegetal, mas estava falando de princípios espirituais. Em I João 5:11 lemos que "o testemunho é este, que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está no seu Filho". Em João 5:40, Jesus declarou: "contudo, não quereis vir a mim para terdes vida". Sendo assim, o testemunho da Palavra de Deus é claro e insofismável: a Vida Eterna não apenas está no Filho, mas é o Filho. Em I João 5:12 lemos que "aquele que tem o Filho tem a vida; aquele que não tem o Filho de Deus não tem a vida". Assim, como o testemunho da Palavra não pode ser alterado, isto é, não se lhe pode tirar ou acrescentar nada, então o testemunho é este: a vida está no Filho e é o Filho. Daí decorre, sem sombra de erro, que a



Árvore da Vida no Jardim do Éden só pode ser Jesus!


Muito bem. Se a Árvore da Vida é uma pessoa, então a Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal só pode ser também uma pessoa, e não a mesma pessoa da Ávore da Vida. Sendo assim, o Justo e o Iníquo estavam lado a lado no Jardim do Éden. Em Ezequiel 28:13, o testemunho da Palavra declara a respeito do diabo: "Estavas no Éden, o jardim de Deus..." E aqui começamos a compreender o que foi que realmente aconteceu no Éden. O testemunho da Palavra declara que Eva foi enganada, iludida, tapeada pela Serpente. Em Gênesis 3:1 está dito que "a serpente, mais sagaz que todos os animais selváticos que o Senhor Deus tinha feito, disse à mulher..." Esse animal selvático, a "serpente", era tão próximo do homem, embora fosse puramente animal, que podia raciocinar e comunicar seu raciocínio pela palavra. Um ser situado mais ou menos entre o homem e o macaco, porém bem mais próximo do homem. Estava tão próximo do homem que podia misturar, e misturou, sua semente com a de Eva, e ela concebeu. Quando isso aconteceu, Deus amaldiçoou a "serpente" com uma maldição tal que toda a sua estrutura óssea foi mudada, e ela passou a ter de rastejar todos os dias de sua vida (Gênesis 3:14). E o Senhor Deus o fez de modo tão completo e tão definitivo que a ciência pode tentá-lo com toda a sua força e perspicácia, mas não encontrará esse pela própria ciência chamado de "elo perdido"!

A ciência humana tem provado que existe uma certa associação da vida humana com a vida animal, e tem tentado provar essa associação através da teoria da evolução. Não existe evolução nesse sentido, mas é certo que aquele animal selvático tinha condições de misturar sua semente com a de Eva, mistério esse que pode ser revelado facilmente com um cuidadoso estudo das Escrituras Sagradas, como estamos tentando fazer neste trabalho. Foi através desse ato que Eva desprezou a Vida e aceitou a Morte. E com ela Adão, e todo o gênero humano.

Veja o que Deus disse em Gênesis 3:15: "Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência (no original, "semente") e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar". Se dermos crédito à Palavra, que afirma que Eva podia ter uma descendência (uma "semente" no original), então a "serpente" podia também ter uma "semente" e uma descendência, como de fato teve. E se o Descendente de Eva haveria de ser um Filho nascido sem o concurso do sexo masculino, então a "semente" da "serpente", isto é, daquele "animal selvático", tinha de aparecer segundo o mesmo padrão, isto é, sem a necessária instrumentalidade do único homem até então existente, que era Adão.

Não há nenhum estudante da Palavra de Deus que não saiba que o Descendente da semente da mulher citado em Gênesis 3:15 é o Cristo que nasceu pela instrumentalidade do Espírito Santo de Deus, sem contacto sexual de Maria com homem algum. Como também não há quem não saiba, estudando corretamente a Bíblia, que o que foi predito ali, isto é, que Cristo haveria de ferir a cabeça da "serpente", era na realidade uma profecia sobre o que o Senhor Jesus Cristo haveria de conseguir na cruz contra Satanás, enquanto este apenas Lhe poderia "ferir o calcanhar", sem destruir a Sua vida.

Essa porção da Escritura (Gênesis 3:15) é a revelação de como a literal "semente" da "serpente", isto é, Satanás, foi semeada na terra, da mesma forma como temos em Lucas 1:26-35 o exato relato de como o Descendente (a "semente") da mulher veio a ter sua manifestação física sem a instrumentalidade do sexo masculino: "No sexto mês foi o anjo Gabriel enviado da parte de Deus, para uma cidade da Galileia chamada Nazaré, a uma virgem desposada com certo homem da casa de Davi, cujo nome era José; a virgem chamava-se Maria. E, entrando o anjo aonde ela estava, disse: 'Alegra-te, muito favorecida! O Senhor é contigo.' Ela, porém, ao ouvir esta palavra, perturbou-se muito e pôs-se a pensar no que significaria esta saudação. Mas o anjo lhe disse. 'Maria, não temas; porque achaste graça diante de Deus. Eis que conceberás e darás à luz um filho a quem chamarás pelo nome de Jesus. Este será grande e será chamado Filho do Altíssimo; Deus, o Senhor, lhe dará o trono de Davi, seu pai; e ele reinará para sempre sobre a casa de Jacó, e o seu reinado não terá fim.' Então disse Maria ao anjo: 'Como será isto, pois não tenho relação com homem algum?' Respondeu-lhe o anjo: 'Descerá sobre ti o Espírito Santo e o poder do Altíssimo te envolverá com a sua sombra; por isso também o ente santo que há de nascer será chamado Filho de Deus.' "

Como o Descendente ou a "semente" da mulher era literalmente Deus reproduzindo-se a Si mesmo em carne humana, assim também a "semente" da "serpente" (isto é, o diabo) foi o modo como ele manobrou para poder literalmente abrir a porta para sua entrada na raça humana. Era impossível para Satanás, que é apenas um ser espiritual criado, reproduzir-se do mesmo modo como Deus se reproduziria através da Maria, e então o relato do Gênesis nos conta como ele fez para produzir sua semente e a injetar (ou injetar-se a si mesmo) na raça humana: através daquele "animal selvático" também chamado de "serpente". Aliás, em mais de um lugar a Bíblia chama o próprio diabo de serpente.

Antes de Adão ter qualquer intercurso carnal com Eva, para "conhecê-la", na linguagem bíblica, a "serpente" o precedeu nesse conhecimento. E o resultado disso foi o nascimento de Caim, que muito apropriadamente é chamado em I João 3:12 de "filho do maligno". Ora, o Espírito Santo, autor da Palavra de Deus, não podia em um lugar chamar a Adão de "maligno", que é o que ele seria se Caim fosse seu filho, e em outro lugar, como em Lucas 3:38, chamar o mesmo Adão de "filho de Deus, que na realidade ele era pela criação.

Caim veio a ter um caráter igual ao de seu "pai", um causador da morte, um assassino. Seu intenso desafio a Deus, quando foi questionado pelo Altíssimo em Gênesis 4:5, 9, 13 e 14, mostra suas características absolutamente não humanas, nesse particular ultrapassando até as outras confrontações do diabo com Deus de que temos notícia nas Escrituras:

"...ao passo que de Caim e de sua oferta não se agradou. Irou-se, pois, sobremaneira Caim, e descaiu-lhe o semblante."

"Disse o Senhor a Caim: onde está Abel, teu irmão? Ele respondeu: Não sei; acaso sou eu tutor de meu irmão?"

"Então disse Caim ao Senhor: É tamanho o meu castigo, que já não posso suportá-lo. Eis que hoje me lanças da face da terra, e da tua presença hei de esconder-me; serei fugitivo e errante pela terra; quem comigo se encontrar me matará."

É necessário notar com cuidado a maneira exata como Deus registra em Sua Palavra os nascimentos de Caim, Abel e Sete. Gênesis 4:1: "Coabitou o homem com Eva, sua mulher. Esta concebeu e deu à luz a Caim; então disse: Adquiri um varão com o auxílio do Senhor". Gênesis 4:2: "Depois deu à luz a Abel, seu irmão..." Gênesis 4:25: "Tornou Adão a coabitar com sua mulher; e ela deu à luz um filho, a quem pôs o nome de Sete..." Há, portanto, três filhos nascidos de apenas dois conúbios sexuais com Adão. Desde que a Bíblia é a exata e perfeita Palavra de Deus, aqui não há erro mas, ao contrário, um registro acurado para nossa iluminação. Desde que três filhos foram nascidos de apenas duas uniões carnais com Adão, somos obrigados a concluir com toda a certeza que um desses três não era filho de Adão!

Deus registrou esses fatos dessa forma para nos mostrar claramente algo muito importante. O fato é que Eva teve em seu ventre dois gêmeos, frutos de duas impregnações separadas! No nascimento desses gêmeos, Caim veio à luz primeiro, e depois Abel. Para aqueles que porventura pensem que isto não é possível, é necessário lembrar que há registros médicos em todo o mundo repletos de casos semelhantes, em que mulheres tiveram gêmeos oriundos de ovulações separadas e até de inseminações separadas, tendo a fertilização dos óvulos acontecido com dias de diferença, e não apenas isto: alguns desses registros mostram que os gêmeos eram filhos de pais diferentes! Em algumas partes do mundo já houve desses casos, como na Noruega: uma mulher reclamou na justiça pensão alimentícia do marido para seus dois filhos, sendo um deles branco e o outro negro. Na disputa, ela veio a admitir que tinha um amante negro.

E porque isto teve de ser assim, isto é, por que razão a semente da "serpente" nasceu dessa forma, tendo Satanás se servido de um animal selvático para poder introduzir sua descendência na raça humana? O homem fora criado por Deus para ser o templo desse mesmo Deus. O lugar de repouso de Deus (do Espírito de Deus) era o homem, o templo, conforme está em Atos 7:46-51: "Este achou graça diante de Deus e lhe suplicou a faculdade de prover morada para o Deus de Jacó. Mas foi Salomão quem lhe edificou a casa. Entretanto, não habita o Altíssimo em casas feitas por mãos humanas, como diz o profeta: 'O céu é o meu trono, e a terra o estrado dos meus pés; que casa me edificareis, diz o Senhor, ou qual é o lugar do meu repouso? Não foi, porventura, a minha mão que fez todas essas coisas?' Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e de ouvidos, vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim como fizeram vossos pais, também vós o fazeis." Satanás sabia disto desde sempre e também desejou habitar dentro do homem, como Deus. O Senhor Deus, entretanto, reservou esse direito somente para si. Satanás não pode gozar desse privilégio. Somente Deus poderia se encarnar humanamente. Satanás não o podia e ainda não o pode. Ele simplesmente não tem o poder de criação que só Deus tem. Sendo assim, a única maneira à disposição do diabo para ele conseguir esse seu intento foi entrar na "serpente" (o animal selvático já citado) no Jardim do Éden da mesma forma como viria depois a entrar na vara de porcos dos gadarenos (Lucas 8:26-33). Deus não entra em corpos de animais, mas Satanás pode fazê-lo e o faz, quando precisa desse expediente. O diabo não podia ter um filho de Eva diretamente como Deus viria a ter o Seu Filho diretamente de Maria. Sendo assim, ele entrou na "serpente" e enganou Eva. Ao seduzi-la sexualmente, o diabo teve dela um filho de maneira vicária, isto é, a "serpente" em lugar dele. Caim recebeu plenamente todas as características espirituais de Satanás e as características animalescas, sensuais e carnais daquela "serpente". Não é de admirar, pois, que o Espírito Santo tenha dito, como já vimos, que "Caim era do maligno" , porque de fato o era.

Eis aí, então, a originalidade do "pecado original": o diabo inventou o adultério! Que o fato acontecido no Jardim do Éden foi de natureza sexual não resta dúvida alguma. É tolice infantil ficar imitando fábulas inconsequentes e dizer que Eva comeu a maçã e pecou. Mesmo nessa criancice, aliás, está popularmente subentendido o ato sexual, pois sempre se associa no mundo todo a "mordida da maçã" com a perda de inocência por parte das jovens adolescentes que resolvem experimentar o sexo antes do casamento. A primeira prova de que o ato sexual é que decretou a tragédia do Éden é, como já insinuamos, o sentido do castigo imposto a Eva por Deus: "E à mulher disse: Multiplicarei sobremodo os sofrimentos da tua gravidez. Em meio a dores darás à luz filhos. O teu desejo será para o teu marido e ele te governará." (Gênesis 3:16) Por que enfatizou Deus, depois do castigo, que o desejo sexual de Eva deveria ser agora só do seu marido, e que este passaria a governá-la? Só há uma resposta: houve adultério e Deus puniu o adultério! E por que aquele tipo de punição, aparentemente sem nada ter a ver com o que acontecera? Por que decretar que, dali em diante, a gravidez da mulher seria dificultada e o parto passaria a ser através de dores? Só há uma resposta: Eva não soube obedecer corretamente à ordem de Deus, que era para não se deixar corromper e não adulterar. Adulterou e deu no que deu! O pecado de Eva foi, pois, de natureza sexual, isto é, foi adultério. E o de Adão, qual foi? Veremos mais adiante. É por isto, também, que o adultério é pecado que, se não for perdoado, e perdoado por Deus na base do sacrifício vicário do Senhor Jesus Cristo, leva à morte espiritual, porque é um ato de desobediência à Palavra de Deus e é um ato diabólico.

O que vem a ser, afinal, adultério? Nesses exatos termos bíblicos, adultério é todo ato sexual realizado fora do casamento. E em que foi que o diabo enganou Eva e a induziu a cometer adultério? Este é o nó da questão. Aí também, só o relato bíblico nos pode dar a resposta correta e completa. Gênesis 3:1-7 nos diz: "Mas a serpente, mais sagaz que todos os animais selváticos que o Senhor Deus tinha feito, disse à mulher: É assim que Deus disse, Não comereis de toda a árvore do jardim? Respondeu-lhe a mulher: Do fruto das árvores do jardim podemos comer, mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Dele não comereis, nem tocareis nele, para que não morrais. Então a serpente disse à mulher: É certo que não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal. Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu, e deu também ao marido, e ele comeu. Abriram-se, então os olhos de ambos; e, percebendo que estavam nus, coseram folhas de figueira, e fizeram cintas para si."

O diabo primeiro induziu a mulher à desobediência à Palavra - "É certo que não morrereis". Depois, torceu o sentido da Palavra - "Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e sereis como Deus". E no bojo de tudo isto vinha a oferta fantasticamente ilusória: ser como Deus, não só conhecendo o bem e o mal, mas podendo participar do ato de criação pelo ato da procriação de seres à sua semelhança! Consumado o ato, só aí perceberam que estavam nus porque seus olhos foram abertos. É possível fugir à compreensão correta de aquele ato estava ligado aos órgãos sexuais, dos quais antes nem se haviam apercebido? Está aqui mais uma evidência da originalidade do "pecado original": foi adultério.

Além disso, vamos alinhar outras evidências bíblicas em favor desta compreensão. Até a ciência, que é fruto direto desse "conhecimento do bem e do mal", corrobora conosco. Há provas de que existe afinidade entre o homem e o animal, no terreno físico. Já houve experiências positivas de injeção de certas células tiradas de fetos de animais ainda em embrião no correspondente órgão do corpo humano. Células da tiróide animal na tiróide humana, células de rins animais em rins humanos. O perfeito "entendimento" dessas células é simplesmente impressionante. E já tem sido até tentado - até agora sem resultado positivo - fazer-se a reprodução entre seres animais e seres humanos. No Jardim do Éden, entretanto, isso aconteceu e as evidências bíblicas não podem ser simplesmente ignoradas, criando-se em seu lugar fábulas incompreensíveis que até ferem a inteligência humana. Qual a explicação que se tem recebido, em todas as religiões do mundo em todos os tempos, para a tragédia, além desta? Nenhuma. Simplesmente nenhuma. E esse acontecimento merece uma explicação, porque é a base da compreensão para nosso relacionamento correto com Deus. Ou não é?

O homem jamais conseguirá reproduzir-se fisicamente através de um animal, nem animal algum se reproduzirá outra vez através da mulher, mas isso foi feito no Éden por inspiração diabólica. Deus destruiu completamente o padrão físico daquele "animalm selvático" e o transformou realmente numa serpente. As afinidades, entretanto, permanecem como lembrança dessa tragédia.

Vejamos agora cuidadosamente no texto bíblico qual foi a participação de Adão em todo esse "imbroglio" e porque ele foi punido juntamente com Eva. Para início de conversa, a participação de Adão foi no mínimo de conivência. O salmista declarou esta verdade essencial: "Para sempre, ó Senhor, está firmada a tua palavra no céu" (Salmo 119:89). Antes que o mundo existisse, antes que uma só poeira de galáxia, ou muito menos, passasse a existir, a Palavra de Deus, isto é, a lei de Deus, já estava estabelecida e firmada para sempre no céu, para que não sofresse o embate de nenhuma circunstância humana. É possível até afirmar, sem medo de errar, que a Palavra de Deus, assim como a temos escrita hoje, já existia firmada por Deus na eternidade antes do nascimento do tempo.

Muito bem. A Palavra de Deus nos ensina em Deuteronômio 24:1-4 que "se um homem tomar uma mulher e se casar com ela, e se ela não for agradável aos seus olhos, por ter ele achado coisa indecente nela, e se ele lhe lavrar um termo de divórcio, e lho der na mão e a despedir de casa; e se, saindo da sua casa, for e se casar com outro homem, e se este a aborrecer e lhe lavrar termo de divórcio e lho der na mão, e a despedir da sua casa, ou se este último homem, que a tomou para si por mulher, vier a morrer, então seu primeiro marido que a despediu não poderá tornar a desposá-la, depois que foi contaminada, pois é abominação perante o Senhor; assim não farás pecar a terra que o Senhor teu Deus te dá por herança". Esta palavra foi tão verdadeira quando Moisés a escreveu para o povo quanto o era desde a eternidade e também no Éden. E foi esta palavra que Adão desobedeceu quando recebeu Eva de volta como esposa depois de ela ter sido sexualmente contaminada pelo diabo através do já citado "animal selvático". Embora sabendo exatamente o que estava fazendo, Adão assim mesmo o fez, porque amava sua mulher e, amando-a, consentiu em aceitar junto a responsabilidade do que ela fizera. Por amor a Eva, Adão consentiu em ceder ao diabo o domínio que o Senhor lhes dera a ambos (Lucas 4:5-7).

Vejamos agora os filhos que Eva teve e que estão registrados na Bíblia. Judas 14 declara que Enoque foi o sétimo depois de Adão. O capítulo 5 de Gênesis dá a seguinte linhagem até Enoque: 1. Adão; 2. Sete; 3. Enos; 4. Cainã; 5. Maalaleel; 6. Jarede; 7. Enoque. Note que Abel já havia morrido e Caim, embora estivesse vivo, não é citado nessa linha! A linhagem de Adão é contada através de Sete. Se Caim fosse filho de Adão, sendo mais velho do que Sete, seria o cabeça da linhagem pelo direito de primogenitura. É preciso notar, com cuidado, o que diz Gênesis 5:3: "E viveu Adão cento e trinta anos e gerou um filho à sua semelhança, conforme a sua imagem, e lhe chamou Sete". Em nenhum lugar das Escrituras se diz que Caim era filho de Adão. Não se pode esquecer, também, o fato de que, em ambas as genealogias de Gênesis e de Lucas (3:23-28), Caim não é citado. Se ele fosse filho de Adão, teria de ter sido registrado algo assim: "Caim, que era filho de Adão, que era filho de Deus". E se isto não está escrito é porque não poderia estar escrito, porque Caim não era filho de Adão!

Os estudiosos da Palavra de Deus têm, através dos tempos e quase invariavelmente, estabelecido duas linhagens distintas para a humanidade: uma linhagem espiritual sã através de Sete e uma linhagem diabólica através de Caim. É estranho notar, entretanto, que esses mesmos estudiosos da Bíblia nunca explicam porque Caim é o chefe de uma linhagem satânica e diabólica, ao passo que com facilidade explicam por que a linhagem de Sete é espiritualmente sã. Na realidade, Caim tinha de ser até mais espiritual do que Abel e ainda mais espiritual do que Enoque, se ele tivesse sido, como Abel, filho de Adão e filho de Deus, porque cada nova geração, assim diz a Bíblia, se distanciava mais de Deus. O fato, entretanto, é que Caim é apresentado em toda a Bíblia, sem rebuços, como completamente satânico e diabólico desde o primeiro ato, que foi a apresentação histórica das duas ofertas de ambos os irmãos a Deus (Gênesis 4). Note-se também que a Palavra declara em Gênesis 3:20 que "...Eva é a mãe de todos os seres humanos", mas em nenhum lugar declara que Adão é o pai de todos os seres humanos.

Em Gênesis 4:1 Eva declara, com respeito ao nascimento de Caim: "...adquiri um varão com o auxílio do Senhor". Nem Eva dá a Adão a paternidade de seu filho Caim! Além disto, ela declara em Gênesis 4:25: "Tornou Adão a coabitar com sua mulher; e ela lhe deu à luz um filho, a quem pôs o nome de Sete; porque, disse ela, Deus me concedeu outro descendente em lugar de Abel, que Caim matou"! Essa expressão "concedeu", no original, tem o sentido de "Deus colocou outro descendente no lugar de Abel. Assim, ela reconhece formalmente seu filho Sete gerado por Adão, mas não reconhece Caim como tendo sido gerado nela por Adão. Eva declara que Sete é de "outra semente" (no original, e não descendente, como está em nossa tradução) diferente da de Caim; se eles fossem filhos do mesmo pai, ela teria dito "Deus me concedeu mais semente".

Nem tudo o que os psiquiatras e psicanalistas dizem pode ser levado em conta de verdade, mas há algo que eles afirmam que pode nos ajudar a compreender a tragédia do Éden. Eles afirmam que o medo atávico que as serpentes exercem sobre os seres humanos é inconsciente e não consciente. Além disso, eles dizem que a sedução que as serpentes exercem é inconscientemente ligada ao ato sexual. Em muitas tribos indígenas, as serpentes são até adoradas como símbolos fálicos e sexuais. Da mesma forma como a história do dilúvio aparece em muitas culturas de povos que nunca tiveram nenhum conhecimento do relato bíblico, também a história da sedução de Eva pela "serpente" aparece inconscientemente na vida de muitos povos.

A pergunta mais natural que pode assomar à nossa mente, ao considerar este assunto sob este aspecto, é a seguinte: Por que Deus não advertiu Eva claramente sobre a ameaça que aquela "serpente" representava para a sua integridade física e moral? A resposta é tão simples como a pergunta: Deus não tinha a obrigação de descer a minúcias. Ele simplesmente ditou a Sua Palavra, que tinha de ser obedecida: "Não comereis da árvore do conhecimento..." Eles deviam comer da Árvore da Vida e não da Árvore da Morte. Quando Eva permitiu que Satanás, através da "serpente", mudasse a palavra de Vida para Morte, Satanás a seduziu da maneira como desejara, para poder se introduzir geneticamente na raça humana! Foi como se o diabo dissesse a Eva: "Você pode comer sossegadamente dos dois frutos ao mesmo tempo. Um pouco de cada um. Assim você satisfará a sua vontade e a vontade de Deus ao mesmo tempo, sem problema algum!" E foi aliás a partir desse artifício que Satanás sugeriu a Eva, e ela aceitou e declarou (Gênesis 4:1) que o filho que iria nascer dessa união diabólica era filho do Senhor!

Quando o Senhor Jesus Cristo declarou em João 10:10, "O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância", sabia muito bem que a primeira vez em que o ladrão, isto é, o diabo, roubou, matou e destruiu foi exatamente no Éden: roubou a confiança que Eva devia depositar na Palavra de Deus; matou a união santa entre Adão e Eva e inventou o adultério; destruiu todo o poder de domínio do casal sobre o mundo criado por Deus. A confiança na Palavra de Deus, a obediência ao propósito inicial do Senhor e o poder sobre todas as coisas só pode ser adquirido na vida abundante que só Jesus garante.

O que nos ensina esta ousada interpretação do que aconteceu no Éden? Somente isto: quando obedecemos à Palavra de Deus, somos abençoados; quando desobedecemos à Palavra de Deus somos amaldiçoados.

Eis aí, pois, biblicamente explicado o mistério da originalidade do "pecado original". Se houver explicação bíblica para ele diferente desta, seria bom conhecê-la.





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