Meus amados e queridos irmãos em cristo Jesus, a PAZ DO SENHOR!
11 — Porém Noemi disse: Tornai, minhas filhas, por que iríeis comigo? Tenho eu ainda no meu ventre mais filhos, para que vos fossem por maridos?
14 — Então, levantaram a sua voz e tornaram a chorar; e Orfa beijou a sua sogra; porém Rute se apegou a ela.
15 — Pelo que disse: Eis que voltou tua cunhada ao seu povo e aos seus deuses; volta tu também após a tua cunhada.
16 — Disse, porém, Rute: Não me instes para que te deixe e me afaste de ti; porque, aonde quer que tu fores, irei eu e, onde quer que pousares à noite, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus.
17 — Onde quer que morreres, morrerei eu e ali serei sepultada; me faça assim o SENHOR e outro tanto, se outra coisa que não seja a morte me separar de ti.
18 — Vendo ela, pois, que de todo estava resolvida para ir com ela, deixou de lhe falar nisso.
O Livro de Rute Leva o aluno a ter uma compreensão profética através da Palavra de Deus revelada no Livro de Rute.
Admite-se que o livro de Rute tenha sido escrito pelo profeta Samuel. Os acontecimentos registrados neste livro estão relacionados ao tempo dos juízes, conforme o texto: “E sucedeu que, nos dias em que os juízes julgavam, houve uma fome na terra; por isso um homem de Belém de Judá saiu a peregrinar nos campos de Moabe, ele e sua mulher, e seus dois filhos.” (Rt 1.1)
I. Visão panorâmica do Livro de Rute
Este livro conta a história de uma família que morava em Belém da Judeia e saiu a peregrinar na terra dos moabitas em virtude da escassez em sua terra. Eram eles: Elimeleque, Noemi e seus dois filhos Malom e Quiliom. Salta aos olhos o fato dessa família sair de Belém, que significa casa do pão, a peregrinar em outra terra, exatamente pela falta de pão.
Foram peregrinar na terra de povos que os subjugaram, tudo isto pela desobediência a Deus, pois, quando Israel entrou na terra prometida, não expulsou os povos que ali habitavam como o Senhor ordenara. Na terra de Moabe, Noemi fica viúva e seus dois filhos se casam com moças moabitas. O nome de uma era Orfa e a outra se chamava Rute. Passado um período de aproximadamente 10 (dez) anos, os filhos de Noemi também morrem, deixando suas noras viúvas. Naquele tempo, chegou aos ouvidos de Noemi que Deus havia visitado seu povo, dando-lhe pão. Levantou-se Noemi, e suas noras junto a ela, a caminho para terra de Judá, tendo, porém, dito às noras que ficassem em sua terra e buscassem restabelecer suas vidas em família. No período que viveram juntas, certamente Noemi falou para suas noras sobre o Deus de Israel, das maravilhas dos seus feitos na história do seu povo. É interessante observar que o comportamento das duas se diferencia, Orfa beija e abraça sua sogra Noemi, se despede e volta para sua terra, seu povo e seus deuses moabitas. Não segue com Noemi no caminho para Belém. Entretanto, o comportamento de Rute demonstra que ela havia se convertido dos ídolos moabitas, estava ligada não apenas a Noemi, mas ao Deus de Israel e à história do seu povo. “Disse, porém, Rute: Não me instes para que te deixe e me afaste de ti; porque, aonde quer que tu fores, irei eu e, onde quer que pousares à noite, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus.” (Rt 1.16, grifo nosso). Esta história no livro de Rute é profética e está relacionada ao período em que a Igreja fiel vive seus últimos momentos na terra. Esse tempo começa com a volta dos judeus à terra de Israel, tipificado na volta de Noemi a Belém da Judeia. Termina com o arrebatamento da Igreja e as bodas com o Cordeiro, representado pelo casamento de Rute com Boaz.
II. O prudência de Noemi e o caráter de Rute
Um amor sincero e profundo.
Noemi sugeriu que as duas noras voltassem às suas origens. Mostrou-lhes o quanto seria difícil estar com ela, e insistiu para que voltassem às suas famílias. “Então, levantaram a sua voz e tornaram a chorar; e Orfa beijou a sua sogra; porém Rute se apegou a ela” (Rt 1.14).
O caráter amoroso de Rute.
Orfa, viúva de Quiliom, “beijou a sua sogra”, despediu-se, e foi embora para sua família, e “aos seus deuses” (Rt 1.15). Mas Rute demonstrou outra atitude. Preferiu acompanhar sua amada sogra.
a) Um caráter amoroso e confiante. “Disse, porém, Rute: Não me instes para que te deixe e me afaste de ti; porque, aonde quer que tu fores, irei eu e, onde quer que pousares à noite, ali pousarei eu ” (Rt 1.16a). Como verdadeira serva de Deus, Rute demonstrou ter um caráter agradecido e generoso. Ela tomou a decisão consciente de estar ao lado de Noemi, em qualquer lugar e em qualquer circunstância. Ela amava de verdade.
b) Um caráter fortalecido na fé em Deus. Com toda a certeza, Rute se converteu ao Senhor. Em sua declaração de amor a Noemi, ela disse com toda a convicção: “ o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus” (Rt 1.16b). Essa decisão mostra a sua fé em Deus (Hb 11.1). Rute não imaginava o que poderia lhe acontecer, mas ficou ao lado de Noemi, como vendo o invisível, sob a mão de Deus.
c) Um caráter decidido e firme. Rute afirmou diante da sua sogra, amiga e irmã de fé sua decisão consciente: “Onde quer que morreres, morrerei eu e ali serei sepultada; me faça assim o Senhor e outro tanto, se outra coisa que não seja a morte me separar de ti. Vendo ela, pois, que de todo estava resolvida para ir com ela, deixou de lhe falar nisso” (Rt 1.17,18). Uma lição de grande valor para os dias atuais, quando muitos que se dizem cristãos, desistem de seguir a Cristo por causa dos desafios, das lutas e provações.
III. A maneira como Rute fez parte da genealogia de Jesus
Rute chega a Belém.
Ao chegar a Belém, Rute viu a admiração do povo pela condição em que sua sogra retornou à sua terra. Diz o texto: “ e sucedeu que, entrando elas em Belém, toda a cidade se comoveu por causa delas, e diziam: Não é esta Noemi? Porém ela lhes dizia: Não me chameis Noemi; chamai-me Mara, porque grande amargura me tem dado o Todo-Poderoso. Cheia parti, porém vazia o Senhor me fez tornar; por que, pois, me chamareis Noemi? Pois o Senhor testifica contra mim, e o Todo-Poderoso me tem afligido tanto” (Rt 1.19-21). Noemi quer dizer “agradável”, enquanto Mara significa “amargurada”. Este era o sentimento que enchia o coração de Noemi. Elas chegaram a Belém “no princípio da sega das cevadas” (Rt 1.22).
Rute atrai a atenção de Boaz.
Rute era uma mulher trabalhadora. Não comia “o pão da preguiça” (Pv 31.27). Ao chegar a Belém, não esperou que Noemi sugerisse algum trabalho para sua manutenção. Ela tomou a iniciativa de procurar um serviço (Rt 2.2). Por direção de Deus, Rute foi rebuscar espigas no campo de Boaz, “que era da geração de Elimeleque” (Rt 2.3). Ao vê-la, Boaz perguntou ao chefe dos segadores quem era ela (Rt 2.5). O homem respondeu que era Rute, a moça moabita que voltou com Noemi (Rt 2.6). Encantado com a beleza da moça e admirado por sua história, Boaz falou benignamente a Rute; e disse que tomara conhecimento de seu gesto amoroso para com Noemi (Rt 2.8-13). Foi amor à primeira vista.
Rute casa com Boaz. Boaz procedeu de acordo com a lei, e diante das testemunhas e dos anciãos, casou-se com Rute. E declarou: “ também tomo por mulher a Rute, a moabita, que foi mulher de Malom, para suscitar o nome do falecido sobre a sua herdade, para que o nome do falecido não seja desarraigado dentre seus irmãos e da porta do seu lugar: disto sois hoje testemunhas” (Rt 4.10). O povo que compareceu à cerimônia ficou feliz com o casamento (Rt 4.11,12). Assim, ela entrou na genealogia de Jesus (Mt 1.5).
IV. As simbologias do livro de Rute
1. Noemi – Israel
Noemi, que, profeticamente, representa Israel, foi para a terra de Moabe, onde morreu seu marido Elimeleque, cujo significado é “Meu Deus é rei”.Este fato corresponderia à diáspora do ano 70 d.C., quando o povo de Israel perdeu tudo que tinha, sendo disperso pelas nações. Tudo isso aconteceu porque Elimeleque morreu em Moabe, isto é, “Meu Deus é rei” havia morrido; o conhecimento do verdadeiro Deus perece em Israel, quando Jesus é rejeitado e crucificado. Após Israel ter rejeitado Jesus como Messias, os judeus padeceram grande sofrimento com a destruição de Jerusalém pelas legiões romanas lideradas pelo general Tito. A própria Noemi profetizou a respeito desse momento quando diz: Não me chameis Noemi, chamai-me “Mara” (amarga) porque grande amargura me tem dado o Todo-poderoso. Cheia parti, porém vazia o Senhor me fez tornar. Por que, pois, me chamareis Noemi (agradável)? Pois o Senhor testifica contra mim, e o Todo-poderoso me tem afligido tanto. (Rt 1.20-21). Durante esses últimos dois mil anos, os judeus sofreram grandes perseguições, incluindo o holocausto na Europa, sendo este o genocídio de 6.000.000 (seis milhões) de judeus durante a segunda guerra mundial.
2. Rute e Orfa– A Igreja fiel e a infiel
Rute e Orfa eram moabitas e tipificam as Igrejas gentílicas, uma fiel e a outra infiel. Ambas choram e agem como se tivessem intimidade e fossem seguir a Noemi.
Orfa beija Noemi, mas se despede dela. A Igreja infiel age como se tivesse intimidade com as coisas que recebeu do Senhor através de Israel, entretanto, age como Orfa escolhendo permanecer em Moabe, com seu povo e seus deuses. Porém, a Igreja fiel, na figura de Rute, abandona seus interesses, seu povo e sua antiga crença e se apega ao Senhor Deus de Israel, a quem ela se refere como “meu Deus”. Esta expressão “meu Deus” vem de Noemi e representa aquilo que a Igreja recebeu do Senhor através de Israel, a saber, a Bíblia, que trata da história do Deus de Israel, bem como a doutrina dos apóstolos, que oferece estrutura espiritual para a igreja. A volta de Noemi para Israel é uma jornada física, mas principalmente espiritual e profética. E Rute segue com sua sogra para Belém, crendo no Deus a quem ela se referiu como “meu Deus”. Todos esses fatos representam o caminho que leva a igreja para a terra prometida, para Belém, para a casa do pão. O período da volta de Noemi com Rute para Belém está relacionado ao princípio da sega das cevadas; tudo isso é profético. “Assim, Noemi voltou, e com ela, Rute, a moabita, sua nora, que voltava dos campos de Moabe; e chegaram a Belém no princípio da sega das cevadas.” (Rt 1.22, grifo nosso). Havia em Israel leis que protegiam pobres e estrangeiros, como se pode ver no livro de Levítico: “E, quando fizerdes a colheita da vossa terra, não acabarás de segar os cantos do teu campo, nem colherás as espigas caídas da tua sega; para o pobre e para o estrangeiro as deixarás. Eu sou o Senhor vosso Deus.” (Lv 23.22).
3. A moça moabita, tipo da Igreja gentílica.
Tendo chegado o tempo da sega em Israel, Rute saiu a respigar, isto é, colher aquilo que caía dos segadores, para buscar alimento para ela e sua sogra Noemi.
A sega das cevadas era marcada pelas chuvas serôdias, últimas chuvas antes da colheita. As chuvas serôdias caiam no início da primavera e serviam para promover o amadurecimento daquilo que seria colhido, isto representa, profeticamente, a última grande chuva do derramar do Espírito Santo sobre a Igreja. Portanto, veremos que o livro de Rute aponta para este momento profético que antecede o arrebatamento da Igreja. Caiu em sorte para Rute o campo de Boaz, parente de Elimeleque.Tendo ele chegado de Belém, seus olhos se voltaram para ela, e logo soube que era moabita, vinda dos campos de Moabe com Noemi. Boaz ouviu dos segadores o bom testemunho de Rute, qual seja, ter ela trabalhado desde a manhã e apenas por pouco tempo esteve sentada em casa. Nesta bela história, o aspecto profético é glorioso: podemos ver uma moça moabita, tipo da Igreja gentílica, que tem o testemunho de todos sobre seu trabalho em buscar alimento. A Igreja fiel não recebe a bênção de braços cruzados; ela trabalha para colher as espigas que caem dos segadores. Então, Boaz se dirigiu a Rute e lhe disse que não fosse colher em outro campo, nem tampouco passasse dos limites, mas que estivesse junto às demais moças. Sendo o campo de Boaz, profeticamente, o campo da Palavra de Jesus, o lugar de alimentar, não precisamos ir a outro campo para saciar nossa alma, conforme o texto: “ Não vás colher a outro campo .” (Rt 2.8). Os limites do campo da Igreja estão traçados pelo nosso salvador Jesus assim como Boaz traçou para Rute; e a Igreja fiel, à semelhança de Rute, não ultrapassa esses limites. “As linhas caem-me em lugares deliciosos: sim, coube-me uma formosa herança.” (Sl 16.6). Não temos outro campo onde haja fartura como o campo do Senhor, este é o nosso limite.
Note-se que Boaz orientou Rute para trabalhar com as demais moças, pois o trabalho de colheita é no corpo, não deve ser isolado. “ nem tampouco passes daqui; porém aqui te ajuntarás com as minhas moças.” (Rt 2.8, grifo nosso). A última Igreja fiel persevera na doutrina da igreja como corpo de Cristo, recebe essa orientação daquele que é o cabeça, o governo, o nosso Boaz. Assim como no campo de Boaz, o campo do nosso salvador Jesus tem alimento em abundância, para uma igreja que vive no corpo atendendo o comando do cabeça.
4. Rute obedeceu a Boaz assim como a Igreja fiel obedece a Jesus.
Durante o período da sega da cevada, Boaz garante a Rute que ninguém a tocaria para mal; era uma ordem dele, assim como o Senhor dá ordem a seus anjos para que nenhum mal suceda à Igreja. Aqui o ministério dos anjos está representado pelos segadores. “ não dei ordem aos moços, que não te molestem? ” (Rt 2.9). Rute tinha à disposição água para beber, e nós, como Igreja, quando o calor das lutas nos cerca, temos os mananciais do Senhor para nos saciar. “ Tendo tu sede, vai aos vasos, e bebe do que os moços tirarem.” (Rt 2.9). 9 Livro de Rute Rute obedeceu a Boaz assim como a Igreja fiel obedece a Jesus, e, mesmo sendo estrangeira, achou graça aos seus olhos. A Igreja gentílica se maravilha em ter achado graça aos olhos de Jesus. Isso nos deixa perplexos e caímos aos pés do nosso Salvador em adoração. Chegada a hora de se alimentar, Boaz chamou Rute e a orientou para comer pão molhado no vinho. A orientação de Boaz é a mesma que Jesus deu na ceia quando disse que o pão era seu corpo e, o vinho, o seu sangue. O alimento da Igreja é a Palavra (pão) molhada no Espírito (vinho), isto é, pão com gosto de vinho, Palavra com o sabor da revelação do Espírito Santo. Ainda, Boaz deu a ela trigo tostado, o que mais uma vez trata, profeticamente, do mesmo assunto, da Palavra revelada (trigo = Palavra – tostado = fogo do Espírito). “E, sendo já hora de comer, disse-lhe Boaz: Achega-te aqui, e come do pão, e molha o teu bocado no vinho. E ela se assentou ao lado dos segadores, e ele lhe deu do trigo tostado, e comeu, e se fartou, e ainda lhe sobejou”. (Rt 2.14, grifo nosso). Rute, após ter colhido em abundância, vai dizer a sua sogra Noemi que o nome do dono do campo é Boaz. Quando Noemi toma conhecimento, ela se manifesta dizendo que Boaz é parente chegado, e por isso é um dos remidores. O nome Boaz quer dizer “nele está a força”. Em Jesus está a força para poder remir, Ele é o nosso remidor. Se irmãos morarem juntos, e um deles morrer sem deixar filho, a mulher do falecido não se casará com homem estranho, de fora; seu cunhado estará com ela, e a tomará por mulher, fazendo a obrigação de cunhado para com ela. E o primogênito que ela lhe der sucederá ao nome do irmão falecido, para que o nome deste não se apague de Israel. (Dt 25.5-6). Havia em Israel a figura do Remidor, que resgatava um de seus irmãos quando esse empobrecia e vendia sua propriedade (Lv 25.25). Era também função do remidor suscitar descendência ao irmão que falecera sem deixar filhos. 10 Livro de Rute Rute esteve no campo de Boaz até acabar a sega das cevadas e dos trigos. Assim é a Igreja fiel, ela prossegue até o fim da colheita no campo do nosso salvador Jesus. Rute vai atender as orientações de Noemi, que conhecia os costumes daquela terra e disse o que ela deveria fazer. Rute era obediente assim como a Igreja fiel. “ Tudo quanto me disseres farei.” (Rt 3.5). Pode-se ver o zelo de Boaz com Noemi, quando diz: “Não vás vazia a tua sogra.” Boaz é tipo do Senhor Jesus, que, embora esteja cuidando de sua Igreja (noiva), nunca esqueceu o povo de Israel, representado na figura de Noemi.
5. Somente Boaz pôde redimir Rute; só a graça pode redimir a Igreja
O casamento de Boaz com Rute.
O texto a seguir é maravilhoso, pois expressa um momento profético conhecido como meia-noite, quando a igreja está aos pés de Jesus. “E sucedeu que, pela meia-noite, o homem estremeceu, e se voltou; e eis que uma mulher jazia a seus pés.” (Rt 3.8, grifo nosso). Da mesma forma, a Igreja fiel, neste momento, de densas trevas, está aos pés do salvador. Aos pés de Boaz, ela se identifica: “sou Rute, tua serva”. Rute quer dizer “amiga”, por isso Jesus disse: “já não os chamarei servos, mas de amigos”. (Jo 15:15). Rute pede a Boaz que estenda sobre ela a sua capa, declarando que ele é o remidor, aquele capaz de resgatar. “ estende a tua aba sobre a tua serva, porque tu és o remidor.” (Rt 3.9).Entretanto, Boaz declara que há outro remidor mais chegado que ele. Contudo, Rute passou aquela noite debaixo de sua capa. A Igreja fiel se aquece com a capa do Senhor Jesus; nesse momento de noite profética, estamos aquecidos com o seu amor que nos cobre. Debaixo desse amor, a Igreja reconhece que ele é o remidor, aquele capaz de nos resgatar.
“Agora, pois, minha filha, não temas; tudo quanto disseste te farei, pois toda a cidade do meu povo sabe que és mulher virtuosa.” (Rt 3.11). Esta é uma expressão usada no livro de Provérbios, e refere-se à Igreja, como segue: “Mulher virtuosa ”. (Pv 31.10). Na manhã seguinte, ele a despediu com seis medidas de cevada; assim é o nosso Senhor, nunca nos despede vazios. “Seis medidas” é uma expressão relacionada ao máximo que o homem pode realizar (seis = homem – criado no sexto dia). Boaz sabia que havia um remidor mais antigo, mais próximo, então, foi para a porta da cidade e,quando o remidor mais próximo ia passando, Boaz chamou-o para que se assentasse junto com dez homens anciãos da cidade. Perante as testemunhas, Boaz perguntou se ele estava disposto a redimir Rute. Então, o remidor mais próximo entendeu que não poderia redimi-la sem que houvesse dano, conforme o texto a seguir: “Então disse o remidor: Para mim não a poderei redimir, para que não prejudique a minha herança; toma para ti o meu direito de remissão, porque eu não a poderei redimir.” (Rt 4.6). Diante disso, Boaz aceita redimi-la perante os dez anciãos. O remidor que tinha direito, mas não pôde redimir, representa a lei, por isso a presença dos dez anciãos, entretanto, pelas obras da lei, nenhuma carne será justificada. Somente Boaz pôde redimir Rute; só a graça pode redimir a Igreja. Só o Senhor Jesus pode redimir a Igreja porque seu pacto de remissão foi o sangue derramado no calvário. (Rt 4.1-8). Ele seguiu o costume da terra, tirou o sapato e disse a Boaz: “redime-a tu”. O sapato indicava ali a posse das terras que haviam sido de Elimeleque, pois ele não poderia redimi-las. Assim, diante de todos, Boaz calçou o sapato que o outro havia descalçado para demonstrar que o negócio estava firmado. “Havia, pois, já de muito tempo este costume em Israel, quanto à remissão e contrato, para confirmar todo negócio, que o homem descalçava o sapato e o dava ao seu próximo; e isto era por testemunho em Israel.” (Rt 4.7).
Também Jesus, na cruz do calvário, firmou o compromisso como o nosso remidor, o único que aceitou calçar o sapato que o conduziu à cruz, o único capaz de pagar um alto preço, aceitou o dano, para ter-nos como sua Igreja, sua esposa.
Todo o povo se alegrou. Rute representa a Igreja gentílica que, sem direito algum, casa-se com o Senhor Jesus. (Rt 4.9-13). Um dia, Israel verá Jesus, seu Messias, desposado com a Igreja, e ela receberá o Senhor; a grande alegria será completa. Com o nascimento do filho de Rute, chamado Obede, todas as mulheres disseram a Noemi que aquele fato recrearia sua alma e conservaria sua velhice. Um dia Israel será beneficiado, algo que irá recreá-lo e conservá-lo, resultado do casamento de Jesus com sua Igreja. (Rt 4.14-21). Assim Rute entrou para a genealogia de Jesus, sendo bisavó do Rei Davi. “E Salmom gerou de Raabe a Boaz, e Boaz gerou de Rute a Obede, e Obede gerou a Jessé, e Jessé gerou ao rei Davi...” (Mt 1.5,6).
V. As decisões que Rute tomou para vencer os obstáculos
1. Ela buscou refúgio no Deus de Israel
Nos versículos 16 e 17 do capítulo Rute diz que o deus de Noemi será o seu deus, ela decidiu buscar socorro no Elshadai, o Deus todo poderoso que ela conheceu no convívio com sua sogra.
Em tempos de crise, não devemos fugir mas buscar socorro no Deus grande e tremendo que é refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia (Salmo 46). E esse deus, que é o teu e o meu socorro está te dizendo: Filho meu, filha minha, eu estou contigo !
2. Ela decidiu agir para vencer as situações
No versículo 2 do capítulo 2, Rute pede a Noemi para ir ao campo, catar espigas, pois elas cegaram em Belém no início da colheita de cevada. Naquele tempo em Israel, havia uma lei mosaica em favor dos pobres, estrangeiros e das viúvas,que dizia que eles podiam catar as espigas que caíam no chão, para sobreviver.
O Rei dos reis e Senhor dos senhores, quer agir naquela situação que aflige teu coração, mas Ele está esperando que você tome a iniciativa, não deixe o problema fazer você ficar prostrado. Deus quer agir, quer te dar vitória, Ele está dizendo: Meu filho, reage que eu vou agir na tua causa !
3. Ela decidiu obedecer a voz da sua sogra
Noemi, sabendo que Boaz, era seu parente remidor, (Remidor era um parente bem próximo de alguém que faleceu, que poderia comprar seus bens, caso ele não tivesse filhos nem irmãos) instruiu Rute para que ela mostrasse a Boaz que precisava de ajuda, e que pela lei do levirato, poderia casar-se com a viúva desse parente para protegê-la.
Rute obedeceu as instruções da sua sogra e Deus a abençoou. O nosso Deus se agrada da nossa obediência a sua Palavra. Pedro passou toda a noite pescando e não apanhou nada, mas Jesus mandou que ele jogasse a rede no mesmo lugar; Pedro , obedecendo a palavra de Jesus lançou a rede e vieram tantos peixes que quase não conseguiram puxá-los. Quer vitória ? Obedeça a Palavra De Deus!
4. Ela decidiu descalçar nos pés de Boaz
Depois que Rute pediu a Boaz para que a resgatasse, salvasse, ela descansou deitada aos seus pés, na eira, dormiu tranquila porque sabia que a providência iria chegar.
Boaz, como remidor e salvador de Rute tipifica Jesus Cristo, que nos resgatou do mundo e nos chamou para a sua maravilhosa luz, e hoje Jesus te chama para mudar a tua história, e alimentar a tua alma porque Ele é o pão da vida.
VI. As cinco principais virtudes de Rute
A Fidelidade
Rute foi tão fiel á sua sogra, que preferiu segui-la do que voltar para casa de seus pais.
“Disse, porém, Rute: Não me instes para que te abandone, e deixe de seguir-te; porque aonde quer que tu fores irei eu, e onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus. Onde quer que morreres morrerei eu, e ali serei sepultada. Faça-me assim o SENHOR, e outro tanto, se outra coisa que não seja a morte me separar de ti. Vendo Noemi, que de todo estava resolvida a ir com ela, deixou de lhe falar.”(Rt 1.16-18)
2. Foi prestativa
Ser prestativa é cumprir seus deveres e fazer mais do que lhe é pedido. Quando a pessoa faz algo a mais, ela está servindo, está sendo útil e Rute era uma mulher muito prestativa, sempre disposta a fazer tarefas.
“E Rute, a moabita, disse a Noemi: Deixa-me ir ao campo, e apanharei espigas atrás daquele em cujos olhos eu achar graça. E ela disse: Vai, minha filha.” (Rt 2.2)
3. Ela foi reconhecida
Quando a mulher tem o caráter de Deus, ela se torna reconhecida por onde quer que ela passe. Em seu trabalho ela é reconhecida, pois sempre faz tudo de coração e sem cara feia. Em casa ela é reconhecida como mulher de Deus por causa de seu comportamento exemplar. Seu marido a reconhece por causa de seu caráter cristão e seus filhos querem ser como ela. Enfim, por onde quer que ela vá, é reconhecida!
“Então disse-lhe sua sogra: Onde colheste hoje, e onde trabalhaste? Bendito seja aquele que te reconheceu…” (Rt 2.19)
4. Ela foi Obediente
Quando a pessoa é obediente, automaticamente ela é humilde, pois aceita as ordens que são impostas e as cumpre de bom coração. Deus fica feliz ao ver um filho obedecer a seus estatutos, uma mãe fica contente ao ver o filho obedecendo a tudo que ela pede, um patrão fica orgulhoso de ter um funcionário que sempre segue á risca as regras da empresa, enfim… Todos se agradam de pessoas obedientes.
“E ela lhe disse: Tudo quanto me disseres, farei.” (Rt 3.5)
5. Ela foi Edificante!
Ela pensa antes de falar qualquer coisa, pois sabe que suas palavras tem poder para edificar ou derrubar. As obras das suas mãos são sempre para agradar a Deus. Ela faz tudo de acordo com as Leis de Deus, pois isso edifica tanto a ela quanto a todos que estiver á sua volta.
“O Senhor faça a esta mulher, que entra na tua casa, como a Raquel e como a Lia, que ambas edificaram a casa de Israel” (Rt 4.11)
VII. Existem quatro razões para se pregar no livro de Rute
1. Ele nos ensina a obedecer a Palavra de Deus
O primeiro capítulo de Rute é sombrio. A eventual história de redenção e alegria se passa em um cenário, sempre crescente, de dor e sofrimento. Durante o período de autodeterminação irrestrita, em que “cada um fazia o que achava mais reto” (Jz 21.25), um homem optou por tornar sua família peregrina em uma terra pagã.
Em vez de ficar com seu próprio povo e suportar a fome, Elimeleque tornou-se um refugiado na terra de Moabe, uma nação fundada pelos filhos do incesto entre Ló e sua filha mais velha. Nessa terra de peregrinação voluntária, seus filhos se casaram com mulheres pagãs, e sua lealdade a Deus parece ter vacilado.
Por fim, isso ilumina a libertação final de Deus. Também descreve as consequências de deixar o lugar que Deus tem para você em busca de melhores oportunidades. Deus ordenou essa mudança, mas foi nessa terra que toda a família quase foi extinta. Pregando em Rute, você tem oportunidade de lembrar os crentes a respeito de sua responsabilidade de obedecer a Deus na maneira como criamos nossa família, e que os pais devem ser um exemplo de fidelidade bíblica. Haverá testes e provações, mas os fiéis perseveram.
Isso também vai levar você a pregar a providência de Deus e sua maneira de usar o pecado e o mal para bons propósitos (Gn 50.20). Se a família de Elimeleque não tivesse deixado Israel, não haveria casamento com Rute, e não haveria razão para ela seguir Naomi de volta e eventualmente se casar com Boaz. Manifestações doces da graça diante das fraquezas são tecidas maravilhosamente entre cenas de pecado e julgamento. Portanto, há uma tremenda esperança, em Rute, tanto para famílias fortes como para as feridas.
Precisamos pregar Rute, porque isso nos mostra que a desobediência tem consequências, mas essas consequências têm propósitos que levam à esperança no Último Dia.
2. Ele nos ensina sobre a soberania divina e a responsabilidade humana
Rute estava em uma situação muito difícil, tanto em casa quanto em Israel. As mulheres solteiras desesperadas, que vivem em um período sem leis, têm poucas opções quando se trata de trabalho. Naquela idade das trevas, elas não recebiam educação, não se envolviam no comércio e eram frequentemente relegadas à servidão ou prostituição. Uma das principais lições que aprendemos como igreja é que a providência é muitas vezes dolorosa. Mas Deus não deve ser julgado de acordo com nossos padrões. Ele deve ser pregado como o rei soberano, e nós somos seus súditos. Ele fará o que bem entender, e nós nos alegraremos porque isso lhe traz glória.
O livro de Rute lembra à igreja (e especialmente aos homens piedosos) da oportunidade de mudar a vida das pessoas em risco de serem exploradas. Isso é uma responsabilidade maravilhosa para qualquer crente saudável. Rute optou por deixar a cidade, onde grande parte da indústria imoral continuava, e trabalhar duro no campo aberto. No entanto, não fosse por homens como Boaz que a notou, protegeu e cuidou dela, toda a situação teria permanecido impossivelmente difícil.
Também vemos a doce providência de Deus ao longo do livro. Em Rute 2. 3, o autor nos diz que, enquanto rebuscava espigas no campo, ela “entrou na parte que pertencia a Boaz”, que era seu parente, solteiro e disposto a se casar com uma mulher que parecia ser mais velha, viúva, estéril, imigrante de outra região.
Precisamos pregar Rute, porque isso nos mostra como entender melhor a providência de Deus e a maneira como ele nos usa para fazer sua vontade.
3. Ele nos ensina a considerar os pobres e vulneráveis
Vivemos em uma era, sem precedentes, de exploração de mulheres. No entanto, a situação pode ter sido tão ruim ou pior ainda na época de Rute. As mulheres eram propriedade e, se não pudessem gerar filhos homens, eram frequentemente descartadas ou, no mínimo, “complementadas” com outras mulheres que pudessem.
Rute era estéril. Para piorar as coisas, ela também era estrangeira e pobre. É importante lembrar que, no mundo antigo, a riqueza e a nacionalidade eram os principais contribuintes para a qualidade de vida.
Em outras palavras, Rute teria sido um alvo fácil para homens exploradores, mas, em vez disso, Deus mostrou sua misericórdia através de um judeu benevolente e rico chamado Boaz. Ele generosamente lhe deu ampla oportunidade de obter o que ela precisa, garantiu proteção e certificou-se de que suas necessidades fossem atendidas da mesma forma que as necessidades de seus próprios trabalhadores (Rt 2. 8-9).
Quando Boaz finalmente fala diretamente com Rute, ele não demonstra nenhuma indicação de superioridade social. Ele é muito gentil e respeitoso, chamando sua filha e reconhecendo seu sofrimento. Mesmo que Rute seja imigrante, ele prepara um caminho para que ela tenha sucesso na terra. Essa manifestação do amor e compaixão de Deus é um modelo para nós. Boaz não ajudou a todos, e ele não dividiu sua riqueza em um esforço para tornar as coisas justas. Em vez disso, ele tratou todos com justiça e respeito, concedendo uma medida especial de graça a quem mais precisava.
Precisamos pregar no livro de Rute porque ele nos mostra como proteger os fracos e vulneráveis que carregam a imagem de Deus.
4. Ele nos ensina sobre o nosso verdadeiro Redentor
Por volta da meia-noite, a temperatura baixa e faz Boaz tremer e se sentar. Ele estava dormindo junto à colheita como uma forma de protegê-la e estar pronto para começar a trabalhar mais cedo no dia seguinte. Estendendo a mão para cobrir os pés, encontra uma mulher e faz uma pergunta sensata: “Quem és tu”? (Rt 3. 9).
Esta é uma das grandes conversas da Bíblia. Quando pede para que ele a cubra com sua capa, Rute essencialmente está propondo um casamento que a resgataria ( Ez 16. 8; Dt 23. 1; Ml 2.16). É um apelo humilde, mas confiante a um redentor.
Essa conversa dá aos pregadores um cenário aberto para expor as glórias do evangelho na vida de duas pessoas comuns.
Boaz responde de uma forma que às suas próprias orações, pela proteção de Rute, são atendidas ( 2.12). Deus está trabalhando através das ações de um homem justo para realizar seus planos para uma viúva fiel. O livro de Rute mostra como a providência divina e a engenhosidade humana frequentemente trabalham juntas na história redentora. Haverá algumas reviravoltas dramáticas ao longo do caminho, mas no final ele toma Rute por esposa.
Durante essa carinhosa interação, Boaz chama Rute de filha e depois usa uma fórmula hebraica comum que pretende acalmar sua mente. Ele diz: “Não tenhas receio”. Ele sabe que Rute é uma mulher virtuosa e alguém a redimirá. Essa é uma linguagem deslumbrante, melhor do que Shakespeare ou Milton, e a cena termina com uma moabita descansando novamente sua cabeça aos pés daquele que é a personificação de sua esperança.
Precisamos pregar Rute, porque isso nos retrata a redenção e adoção que temos em Cristo.
Rute confiou no Senhor e Ele recompensou a sua fidelidade dando-lhe não apenas um marido, mas um filho (Obede), um neto (Jessé) e um bisneto chamado Davi, o rei de Israel (Rt 4.17). Além desses dons (Sl 127.3), Deus deu a Rute a bênção de ser listada na linhagem de Jesus (Mt 1.5).
Rute é um exemplo de como Deus pode mudar uma vida e guiá-la na direção que Ele preordenou. Nós O vemos trabalhando o Seu plano perfeito na vida de Rute, assim como faz com todos os Seus filhos (Rm 8.28). Embora Rute tenha vindo de uma experiência pagã em Moabe, quando conheceu o Deus de Israel, ela se tornou um vivo Testemunho dEle pela fé. Apesar de ter vivido em circunstâncias humildes antes de se casar com Boaz, ela acreditava que Deus era fiel em cuidar de Seu povo. Além disso, Rute é um exemplo para nós de trabalho duro e fidelidade. Sabemos que Deus recompensa a fidelidade: "De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam" (Hb 11.6).
A história de Rute demonstra de forma clara como Deus criou o homem, na perspectiva de um plano de salvação para todas as pessoas, em todos os lugares, independente de sua nacionalidade, de sua cor ou condição social. Pela lógica humana, jamais uma mulher moabita faria parte da linhagem santa, da qual nasceu o Messias de Israel, o Salvador do mundo. O amor de Deus está além de toda a compreensão humana.
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